Havia uma época em que eu tinha a necessidade de assistir a
filmes mudos. Outra em que eu tinha necessidade de assistir a filmes do Charles
Chaplin, mesmo que nem sempre entendesse o contexto que ele lançava, já que
toda a questão dobre a revolução, a indústria e tudo mais era novidade para mim.
Cada pouco eu mudava o gênero de escolha de filmes até chegar os seriados. E
quando isso começou não teve mais fim.
O vício em ver um capítulo atrás do outro do mesmo modo que
a novela é algo que todo mundo acaba sendo convertido. E agora a Netflix já faz
parte da minha vida de seriados. É como um canal normal de televisão.
E foi na escolha qualquer que fiquei ligada no seriado de
Alias Grace. Fiquei pensando se eu assistiria ou não já que o trailer principal
não me chamava muito a atenção. Claro que vi que era algo de suspense, mas
imaginava que seria chato e um pouco monótono e demorei um pouco para admitir
que devia assistir.
Como é uma minissérie com apenas seis episódios, acabei
vendo em apenas dois dias.
SINOPSE: Grace Marks (Sarah Gadon) é uma jovem irlandesa de classe média baixa, que decide tentar a vida no Canadá. Contratada para trabalhar como empregada doméstica na casa de Thomas Kinnear (Paul Gross), ela é condenada à prisão perpétua pelo assasinato brutal do seu patrão e da governanta da casa, Nancy Montgomery (Anna Paquin). Passados 16 anos desde o encarceramento da imigrante, o Dr. Simon Jordan (Edward Holcroft) se apaixona por Grace e fará de tudo para descobrir a verdade sobre o caso.
Nesta minissérie temos como protagonista Grace, uma garota
na idade de seus 30 anos quando a história começa a ser contada, mas que na
verdade vai ser iniciada desde a sua infância. Ela é julgada pela morte de
algumas pessoas porém ela não se recorda de nada e então ela fica condenada
pela prisão perpétua até que decidem contratar um médico psiquiatra para
investigar a realidade de Grace.
De início temos uma Grace que chega com a família no Canadá,
vindo da Irlanda. Com um pai totalmente cruel, ela é obrigada desde cedo a ir
trabalhar fora para dar todo seu dinheiro para a família. É assim que ela acaba
em uma mansão como criada e conhece sua melhor amiga Mary.
Através de Mary ela também conhece um grande amigo que vende
panos e materiais de costura e que tem o dom de prever o futuro. É quando ele
diz a Grace que ela irá atravessar três vezes os problemas mas no final tudo
ficaria em paz. O legal é que o personagem de Grace tem uma ingenuidade enorme,
ela não conhece nada sobre a vida em sociedade e muito menos sobre os encantos
dos homens.
O primeiro golpe que Grace sofre é quando sua amiga Mary
fica grávida e a única saída que encontra é o aborto já que o pai da criança é
seu próprio patrão. Assim quando Mary morre Grace acaba tendo um surto por dias
e quando acorda não lembra de quase nada.
Depois de um tempo ela é contratada por Nancy, uma
governanta que trabalha em uma casa mais no interior onde só tem um patrão para
cuidar e é onde também só tem mais um peão que cuida da parte mais pesada. Para
Grace parece o sonho de vida, mas aos poucos Nancy que era doce e querida vai
se transformando em alguém difícil de lidar.
E é então que o enredo vai tomando forma pois é com a
história se desenvolvendo, com a Grace sendo levada todos os dias da prisão
para a casa do presidente da prisão onde ela presta serviços que ela conta sua
versão da história para o psiquiatra. Não tem como entender a verdade por trás
da atriz pois ao mesmo tempo que em que ela conta a história pela sua própria
versão, os outros personagens contam através de depoimentos uma pessoa
totalmente diferente.
Se você tem paciência vai gostar de ver este seriado porque
ele é intrigante. Falo isso porque há momentos em que a coisa fica tão parada
que dá vontade de desistir, mas faz parte do enredo que aquelas cenas estejam
presentes, já que vão fazer a diferença depois.
O final é tão intrigante que me peguei terminando no
Whatsapp conversando com amigas para tentar entender como tudo aquilo acontece
u bem na minha cara e eu não percebi e no fim ficam dúvidas de qual parte
devemos acreditar.
A fotografia é linda. Todo o cenário é muito bem
estruturado. Não posso negar que a atriz Anna Paquin ajudou a me fazer
assistir, pois gosto muito dela, mas ela não faz parte de toda a minissérie.
Você vai se deparar no final com uma visão bem atualizada de
um destino que segue o percurso de que muita gente segue. No final de tudo ao
ligar os pontos eu fiquei com a boca aberta pensando em como nossa mente é
poderosa e em como alguém passou tanto tempo lutando contra si própria.